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A VERDADE SOBRE AS CLASSIFICAÇÕES ESG — E POR QUE OS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE SÃO CRUCIAIS

Atualizado: 30 de ago. de 2022

A VERDADE SOBRE AS CLASSIFICAÇÕES ESG — E POR QUE OS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE SÃO CRUCIAIS PARA AS EMPRESAS


Algumas notícias recentes destacaram a diferença entre Sustentabilidade e ESG, termos que às vezes são usados equivocadamente. A Bloomberg sugeriu que o crescimento rápido dos negócios de classificação ESG, tem mais a ver com a sustentabilidade financeira e a viabilidade das empresas do que com o impacto dessas empresas no planeta e nas pessoas.


Os autores concentram suas críticas na empresa de Wall Street, MSCI. Eles podem estar certos, mas não podemos desmerecer a sustentabilidade com o aparecimento das classificações ESG.


COMO A “SUSTENTABILIDADE” EVOLUIU E ONDE SE ENCONTRA HOJE


O movimento de sustentabilidade nasceu na Comissão Brundtland da ONU, em 1987, onde foi definido como atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades . Desde então, governos, empresas, ONGs e diversos consultores e prestadores de serviços vêm desenvolvendo modelos e práticas para atingir esse objetivo. Um bom progresso foi feito e muitas empresas integraram práticas ponderadas e responsáveis às suas operações.


A ONU estabeleceu os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que fornecem uma estrutura global abrangente para o estabelecimento de metas e estratégias de sustentabilidade. Desde então, uma série de outras estruturas de relatórios, metodologias e padrões foram estabelecidos à medida que trabalhamos em direção a uma capacidade comum e eficaz de melhorar o desempenho da sustentabilidade.


Impulsionada principalmente pela legislação, a sustentabilidade está se incorporando em nossas economias. Poucas pessoas diriam que alcançamos um modelo de negócios sustentável, com o clima e a biodiversidade em estado de crise globalmente, mas estamos na direção certa.


O QUE REALMENTE ESTÁ MOTIVANDO AS DECISÕES DOS INVESTIDORES


O setor financeiro demorou a se posicionar. Os Princípios para o Investimento Responsável foram estabelecidos em 2005, mas permaneceram por muito tempo como um movimento de nicho, com poucos investidores ou gestores de ativos buscando otimizar a sustentabilidade por meio de suas decisões de investimento. Alguns fundos simplesmente adotaram critérios de triagem, evitando apoio à fabricas de tabaco ou armas, mas ainda estavam muito felizes em investir em setores e modelos de negócios que claramente não tinham futuro em um mundo sustentável.


A comunidade financeira mede o desempenho de sustentabilidade por meio de métricas ESG. Esse é o mecanismo usado para traduzir eventos do mundo real, como emissões de carbono ou degradação do solo, em medidas quantificadas que podem ser usadas na modelagem financeira para a tomada de decisões de investimento. Um número crescente de agências de classificação estão usando essas métricas para desenvolver seus modelos próprios para avaliar e classificar empresas, supostamente orientando o fluxo de capital para os negócios mais sustentáveis.


Essa tendência cresceu significativamente, e é uma boa notícia, à primeira vista, que a comunidade financeira está lidando ativamente com a crise global que estamos enfrentando. O fluxo de trilhões em títulos verdes, o crescimento exponencial dos fundos ESG e o recente anúncio na COP de Glasgow de um compromisso de financiamento de US$ 130 trilhões para a descarbonização da economia são indicadores dessa tendência.


No entanto é essa modelagem que o relatório da Bloomberg está questionando, demonstrando que, pelo menos em alguns casos, o ranking tem pouco alinhamento com o real desempenho, e não é eficaz para direcionar capital para bons desempenhos.


ONDE AS CLASSIFICAÇÕES ESG FICAM AQUÉM COMO MEDIDA DE SUSTENTABILIDADE


O Projeto de Confusão Agregada da Sloan School, MIT, vem examinando as classificações ESG . Eles descobriram que, ao comparar a classificação financeira de uma empresa da Moody's com a classificação da Standard and Poor's da mesma empresa, havia uma correlação de 0,92 – ambas as agências chegaram a conclusões semelhantes sobre saúde financeira.


A classificação ESG, no entanto, teve uma correlação de 0,61, sugerindo visões muito diferentes do desempenho de sustentabilidade. Eles concluíram que “os dados ESG são não estruturados, não comparáveis e majoritavelmente qualitativos: impossível para qualquer máquina avaliar o desempenho de uma empresa e agregar valor a qualquer tomada de decisão”.


A Organização Internacional de Comissões de Valores Mobiliários divulgou recentemente o Relatório Final de classificações Ambientais, Sociais e de Governança (ESG) e Provedores de Produtos de Dados . Em sua análise das empresas e produtos de classificação ESG, eles concluíram em parte:


Há pouca clareza e alinhamento nas definições, inclusive sobre quais classificações ou produtos de dados pretendem medir.

Há pouca transparência sobre as metodologias que sustentam essas classificações ou produtos de dados.

Embora haja uma grande divergência no setor de classificações ESG e produtos de dados, há uma cobertura desigual dos produtos oferecidos, com certos setores ou áreas geográficas se beneficiando de mais cobertura do que outros, levando a lacunas para investidores que buscam seguir determinadas estratégias de investimento.


Alguns argumentam que não há problema em ter diferentes metodologias, diferentes modelos e diferentes visões de desempenho. Ao entender como as diferentes conclusões foram alcançadas, é possível obter insights sobre o negócio subjacente.


De qualquer forma, foram necessários vários séculos para desenvolver padrões de relatórios financeiros aceitos globalmente; a comunidade ESG precisa de tempo para desenvolver e otimizar essa ciência relativamente nova. Certamente deveríamos estar fazendo todo o possível para usar o poder dos fluxos de capital para apoiar o desenvolvimento sustentável, por isso o foco do setor financeiro é bem-vindo.


CLASSIFICAÇÕES ESG À PARTE, RELATAR DADOS DE SUSTENTABILIDADE CONTINUA SENDO IMPERATIVO NOS NEGÓCIOS


A controvérsia nas classificações ESG não reflete, de forma mais ampla, no movimento de sustentabilidade, nem nos requisitos obrigatórios para divulgação ESG. Organizações em todo o mundo estão definindo estratégias, monitorando seu desempenho e relatando resultados, em alinhamento com padrões globalmente aceitos, como GRI e CDP.


Com a tecnologia disponível hoje e a conscientização global, há um foco sem precedentes na melhoria do desempenho. A divulgação das métricas ESG também estão sendo conduzidas por legisladores em todo o mundo, principalmente pela Comissão Europeia, com sua green taxonomy . Esses dados são gerados a partir do chão de fábrica, das operações e, se as boas práticas forem seguidas usando uma plataforma digital sólida , os dados de saída serão completos, precisos e confiáveis.


Este bom trabalho vai continuar. Embora possa haver algumas preocupações sobre a modelagem financeira usada pelas agências de classificação, isso não prejudica o valor e a importância da coleta e divulgação de dados de sustentabilidade e divulgação da ESG.




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